7 Livros para ler enquanto aguarda o retorno da série ‘True Detective’

POSTADO POR: admin ter, 19 de agosto de 2014

A primeira temporada da série ‘True Detective’ acabou sendo bem mais do que apenas mais um fenômeno da cultura pop, também foi um marco significativo na literatura. As vendas das obras do escritor Robert W. Chambers alavancaram assustadoramente lá fora, e instigaram a Editora Intrinseca lançar o clássico ‘O Rei de Amarelo’ aqui no Brasil, que pouco (ou nada) conhecia sobre a estranha ficção desse esquecido autor. 
O livro logo virou um parâmetro para os fãs da série da HBO que passaram a caçar e dissecar qualquer referência ligada ao seriado.

Com a segunda temporada vindo por aí, achamos prudente listar para os fãs da série algumas obras similares que abordam a mesma mitologia bizarra da série True Detective.

✔ Histórias de Horror – O Mito de Cthulhu, de H.P. Lovecraft
Seres de outras dimensões que no passado reinaram sobre o nosso planeta estão à espreita para reconquistá-lo! Poucos sabem disso. Artistas, pintores e escritores – almas sensíveis – vislumbram a sua existência em sonhos ou em acessos de delírio. Grupos primitivos, por estranhas razões, os cultuam. E apenas alguns poucos homens, verdadeiros heróis eruditos, buscam pistas sobre essas criaturas e as estudam. São os únicos que podem nos proteger.
Numa mistura de horror e ficção científica, esse é o enredo da maior parte da produção de Howard Phillips Lovecraft, escritor norte-americano responsável pela criação do mito de Cthulhu, criatura até hoje cultuada por seitas diversas. Os contos de Lovecraft e suas criaturas tiveram tal repercussão que chegaram a influenciar diversas bandas de rock, como Iron Maiden, Metallica e Black Sabbath. Neste livro, são reunidos alguns de seus contos mais importantes: O chamado de Cthulhu, O horror de Dunwich, Sussurros na escuridão e O assombrador das trevas.
✔ Vestido de Noivo, de Pierre Lemaitre
Sophie, uma jovem mulher que leva uma vida pacata, começa a cair lentamente na loucura: milhares de pequenos e inquietantes sinais se acumulam e, de repente, tudo se acelera. Seria ela a responsável pela morta da sua sogra, do seu marido enfermo? Pouco a pouco ela se encontra envolvida em vários assassinatos, dos quais ela não tem a menor lembrança. Então, desesperada, porém lúcida, ela organiza sua fuga, muda de nome, de vida, se casa, mas o seu terrível passado a alcança. As sombras de Hitchcock e de Brian de Palma pairam sobre esse thriller diabólico.
Esse romance policial não está centrado na investigação, nem na figura exclusiva do criminoso, mas é um thriller de terror psicológico que mantém seu suspense até o final, focando em duas figuras centrais: a vítima e o agressor. Até um determinado ponto da história esses papéis se confundem e não sabemos ao certo quem realmente é o bandido.
✔ Boneco de Neve, de Jo Nesbo
*Essa obra já foi resenhada aqui no blog, clique aqui para ler a resenha.
Tão assustador e eletrizante quanto o silêncio dos inocentes.
No dia da primeira neve do ano, na fria cidade de Oslo, o inspetor Harry Hole se depara com um psicopata cruel, que cria suas próprias regras; O terror se espalha pela cidade, pois um boneco de neve no jardim pode ser um aviso de que haverá uma próxima vítima. No caso mais desafiador da sua carreira, Hole se envolve em uma trama complexa e mortal, com final surpreendente.
O autor apresenta um serial killer que consegue combinar métodos, motivação, causas e circunstâncias originais para construir um psicopata assustador e uma narrativa inteligente que move o leitor a frente da leitura, não pela ânsia de pegar o assassino, mas pela curiosidade de ao menos compreender seus motivos e entender um pouco mais da conjuntura do mundo que o cerca. 
A obra promove uma leitura rápida e empolgante, mas que com certeza tomará alguns longos minutos do seu tempo entre capítulos para absorver os acontecimentos e ponderar sobre o desenvolvimento dos fatos. Para quem ainda não conhece a literatura nórdica, está aqui um bom caminho por onde começar a trilhar essas terras gélidas com uma realidade tão distante da nossa.
✔ 2666, de Roberto Bolano
Fiel aos dois principais temas que atravessam toda a obra do autor chileno – violência e literatura -, o livro é composto de cinco romances, interligados por dois dramas centrais: a busca por um autor recluso e uma série de assassinatos na fronteira México-Estados Unidos. 
A primeira história narra a saga de quatro críticos europeus em busca de Benno von Archimboldi, um escritor alemão recluso do qual não se conhecem fotos. Na segunda, há a agonia de um professor mexicano às voltas com seus problemas existenciais. O terceiro romance conta a história de um jornalista esportivo que acaba se envolvendo com crimes cometidos contra mulheres da cidade de Santa Teresa, no México (ficcionalização de Ciudad Juárez). Na quarta e mais extensa das partes do livro, os crimes de Santa Teresa são narrados com a frieza e o distanciamento próprios da linguagem jornalística das páginas policiais. E finalmente, na quinta história o leitor é conduzido de volta à Segunda Guerra, tornando-se testemunha do passado misterioso de Benno von Archimboldi. 
Recheado de reflexões sobre a natureza do mal, a relação entre cultura e violência e, de quebra, a situação do intelectual latino-americano, 2666 é um livro inteligente, surpreendente e de leitura fácil. Não por acaso, fez uma carreira tão assombrosa no contexto da crítica internacional e entrou para o rol dos grandes fenômenos literários da atualidade.
✔ Onde As Sombras Se Deitam, de Michael Ridpath
*Essa obra já foi resenhada aqui no blog, clique aqui para ler a resenha.
Quando o detetive Magnus Jonson se torna testemunha de um caso de corrupção na polícia de Boston (EUA), logo vira o alvo principal da gangue antes beneficiada. Como proteção, é transferido para a Islândia, sua terra natal. Lá, acompanha a investigação do assassinato de um professor. Tudo indica que o crime está ligado a uma desconhecida saga islandesa que ele traduzia, com muitas semelhanças com O Senhor dos Anéis. Assim, Magnus precisa desvendar um trama que envolve segredos milenares de uma família, um misterioso pastor e um rico fã americano do universo de J. R. R. Tolkien.
O que pode não passar de mera fantasia medieval para nós americanos, é levado muito a sério e considerado parte da cultura e folclore dos países nórdicos europeus. É o que descobre o detetive Magnus, que após denunciar um esquema de corrupção em seu departamento, é enviado à longínqua Islândia para sua própria segurança. Enquanto presta consultoria para a serena força policial islandesa, cujo os agentes sequer portam armas de fogo, o detetive se depara com um raro caso de assassinato de um especialista em literatura antiga.

✔ A Porta de Bronze, de Raymond Chandler
Há 50 anos morria o mestre que expôs os demônios da chamada Cidade dos Anjos. É, foi com Raymond Chandler que as histórias de detetives ganharam outras cenas de crime que não bibliotecas, camarotes de navios, vagões de trem ou bucólicos prados ingleses. Nascia o romance noir! Este volume dá cinco ótimas pistas para se descobrir por que ele é – meio século após sua morte – um dos grandes mestres que transformaram o gênero policial em matriz para a melhor literatura que se fez a partir dos anos 1940. 
Nesta coletânea, Marlowe só dá as caras uma vez, mas entra “matando”. Depois de resistir anos a ressuscitar o seu principal personagem, Chandler acaba cedendo em 1958, quando escreve “O lápis” (título que só viria em 1965; originalmente a história surgiria com o nome de “Marlowe takes on the Syndicate”). O conto está repleto de metáforas que só ficam bem na voz de Marlowe, como tipo “O álcool é como o amor. O primeiro beijo é mágico, o segundo, sugestivo, o terceiro já é rotina. Depois disso você tira a roupa da moça”. Para o fim ficou o inédito entre nós “Um verão inglês”. História de amor com direito a uma insaciável “dominatrix”, castelo decadente e, é claro, às clássicas alfinetadas de Chandler nos súditos de Sua Majestade. O brilhante conto, publicado postumamente em 1976, é considerado por Chandler um divisor de águas em sua (extensa) literatura.
✔ O Coração é um Caçador Solitário, de Carson McCullers
Numa cidadezinha do sul dos Estados Unidos, no final dos anos 1930, os efeitos da Grande Depressão ainda se fazem sentir. Personagens como Biff Brannon, dono do restaurante que nunca fecha na cidade; a garota Mick, forçada a passar abruptamente da infância à idade adulta; o agitador marxista Jake Blount; o médico negro Benedict Copeland, que atende de graça os pacientes pobres e luta pela emancipação racial, enfrentam, além da carência material, o flagelo da solidão e da incomunicabilidade.
O centro desta narrativa, em que cada capítulo assume o ponto de vista de um personagem, é o mudo John Singer, um homem triste e solitário, que por sua serenidade enigmática é visto como um santo pela comunidade.
O coração é um caçador solitário foi publicado em 1940, quando a autora tinha apenas 23 anos, e obteve reconhecimento imediato. O romance foi adaptado para o cinema em 1968 pelo diretor Robert Ellis Miller e publicado no Brasil, com outra tradução, nos anos 1980.

Veja Também: