5 Livros sobre bruxas e feitiçaria
Embora o tema não constitua um gênero propriamente dito, alguns títulos que abordam o ocultismo feudal como o enredo principal de suas histórias são considerados uma linha distinta do Terror tradicional, conhecidos na língua inglesa como ‘Horror Folk’. Um estilo que se refere a um sobrenatural folclórico da Europa antiga, que singularmente conhecemos por aqui como feitiçaria. Narrativas de bruxaria, sobre deuses e religiões antigas, conduzem o leitor para linhas borradas entre o natural e o sobrenatural, criando contos realmente assustadores quando combinados com o horror. E o sucesso de filmes como o recente ‘A Bruxa’, mostram que o argumento ainda fomenta grande interesse por parte do público.
Enfeitiçados pelo assunto, listamos aqui algumas dessas obras que apresentam essa magia antiga, e, talvez, uma das formas mais femininas de se fazer terror dentro da literatura.
✔ O Covil do Verme Branco (Bram Stoker)
Uma série de eventos misteriosos e inexplicáveis despertam o interesse do jovem Adam Salton enquanto estava hospedado na casa de seu tio-avô, Richard. Com o intuito de resolver estes mistérios que acabam vitimando crianças e animais da região, Adam acaba se envolvendo numa rede que o leva cada vez mais perto de algo sobrenatural.
Nessa história, Bram Stoker é quase capaz de criar uma versão feminina do seu próprio Drácula, ao apresentar uma criatura sedutora e letal, e associá-la a figura fascinante de uma serpente.
O Covil do Verme Branco foi publicado originalmente em 1911, na Inglaterra, e depois republicado com partes editadas em 1925. Trata-se de um clássico cult do terror e mais uma grande obra de Abraham “Bram” Stoker que virou filme, chegando às telas do cinema em 1988 (Editora Labareda).
✔ Loney (Andrew Michael Hurley)
Quando os restos mortais de uma criança são descobertos durante uma tempestade de inverno numa extensão da sombria costa da Inglaterra conhecida como Loney, Smith é obrigado a confrontar acontecimentos terríveis e misteriosos ocorridos quarenta anos antes, quando ainda era criança e visitou o lugar. À época, a mãe de Smith arrastou a família para aquela região numa peregrinação de Páscoa com o padre Bernard, cujo antecessor, Wilfred, morrera pouco tempo antes. Cabia ao jovem sacerdote liderar a comunidade até um antigo santuário, onde a obstinada sra. Smith crê que irá encontrar a cura para o filho mais velho, um garoto mudo e com problemas de aprendizagem. O grupo se instala na Moorings, uma casa fria e antiga, repleta de segredos. O clima é hostil, os moradores do lugar, ameaçadores, e uma aura de mistério cerca os desconhecidos ocupantes de Coldbarrow, uma faixa de terra pouco acessível, diariamente alagada na alta da maré.
A vida dos irmãos acaba se entrelaçando à dos excêntricos vizinhos com intensidade e complexidade tão imperativas quanto a fé que os levou ao Loney, e o que acontece a partir daí se torna um fardo que Smith carrega pelo resto da vida, a verdade que ele vai sustentar a qualquer preço. Com personagens ricos e idiossincráticos, um cenário sombrio e a sensação de ameaça constante, Loney é uma leitura perturbadora e impossível de largar, que conquistou crítica e público. Uma história de suspense e horror gótico, ricamente inspirada na criação católica do autor, no folclore e na agressiva paisagem do noroeste inglês. (Editora Intrinseca)
✔ O Terror (Arthur Machen)
Esse romance é ambientado numa região afastada do oeste de Gales durante a Primeira Guerra Mundial. Consegue uma perfeita simbiose de fantasia e realidade, lenda e cotidianeidade.
Acontecimentos inexplicáveis de terrível violência, o poder contagioso das forças obscuras do mal e um clima de alarmismo bélico se fundem numa obscura e enigmática trama, suscetível das mais diversas conjecturas e interpretações.
Primeira tradução no Brasil deste mestre inconteste da literatura fantastica e de horror sobrenatural. Admirado por Jorge Luis Borges, H.P. Lovecraft entre outros, Machen traz o universo mitológico galês, sua terra natal, para a literatura, construindo um mundo único que surpreenderá os leitores do gênero. Completando esta edição, ORNAMENTOS EM JADE, texto que é reeditado no Brasil antes que no Reino Unido, onde é praticamente desconhecido. (Editora Iluminuras)
✔ A Maldição de Long Lankin (Lindsey Barraclough)
A maldição de Long Lankin marca a impressionante estreia de Lindsey Barraclough – sem dúvida, uma escritora instigante – e deixará os leitores arrepiados mesmo muito depois de virar a última página.
A narrativa dinâmica, as descrições de uma atmosfera assustadora, os personagens apavorantes e a trama sedutora deixarão o leitor fascinado e totalmente viciado em cada página. O mistério será desvendado aos poucos e dificilmente será solucionado antes da hora. A maldição de Long Lankin não é daquelas obras em que o leitor simplesmente junta as peças do quebra-cabeça, mas sim um livro em que ele terá que compreender as mensagens subliminares existentes em elementos inéditos, como a música tema, as lendas locais e os diálogos entre os personagens.
Quando Cora e sua irmãzinha, Mimi, são enviadas para a casa da tia-avó, no isolado vilarejo de Bryers Guerdon, não recebem calorosas boas-vindas e ficam desesperadas para voltar para Londres. A vida de tia Ida foi devastada da última vez que duas meninas estiveram em Guerdon Hall, e agora a chegada das sobrinhas-netas desperta um mal que permanecia à espreita havia anos. (Editora Bertrand)
✔ Onde Cantam os Pássaros (Evie Wyld)
No premiado romance de Evie Wyld, a fazendeira Jake White leva uma vida simples numa ilha inglesa. Suas únicas companhias são rochedos, a chuva incessante, suas ovelhas e um cachorro, que atende pelo nome de Cão. Tendo escolhido a solidão por vontade própria, Jake precisa lidar com acontecimentos recentes que põem em dúvida o quanto ela realmente está sozinha – e o quanto estará segura. De tempos em tempos, uma de suas ovelhas aparece morta, o que pode ser muito bem obra das raposas que habitam a floresta próxima à sua fazenda. Ou de algo pior. Um menino perdido, um homem estranho, rumores sobre uma fera e fantasmas do seu próprio passado atormentam a vida de uma mulher que sonha com a redenção.
Aos poucos, vamos descobrindo mais sobre as suas habilidades em tosquiar e cuidar de ovelhas, aprendidas ainda quando jovem, em sua terra natal, na Austrália. E vamos aprendendo também o que aconteceu lá, que acabou por conduzir White à uma vida de reclusão e isolamento. E sobre as contradições e diferenças entre um passado (sempre narrado no tempo verbal presente) cheio de vida e calor, e o presente (narrado por sua vez no passado) repleto de lama, frio e um ritmo mais desacelerado, paira uma atmosfera absolutamente brutal.
Com uma prosa verdadeiramente excepcional, o estilo da autora reúne tanto clareza como substância e apresenta uma personagem inesquecível, enigmática, trágica, assombrada por um passado inescapável. Uma mulher forte, ainda que tão passível de falhas, erros e equívocos como todos nós. É uma história de solidão e sobrevivência, culpa, perda e o poder do perdão. Uma escrita visceral onde sentimos a presença de tudo, os odores, o vento, o tempo. Nada passa desapercebido (Darkside Books).
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