5 Livros essenciais da literatura argentina

POSTADO POR: admin sex, 10 de julho de 2015

Borges, Cortázar, Sabato … Existem muitos autores argentinos que fazem parte da seleta lista de grandes nomes da história da literatura, mas eles não são os únicos ‘hermanos’ que valem a pena ler e conhecer. A Argentina é um dos países mais prolíficos da literatura em língua espanhola, e selecionar apenas alguns livros do seu vasto catálogo não é uma tarefa fácil!

E assim como já fizemos com a literatura japonesa e a portuguesa, dessa vez escolhemos a Argentina, não por acaso o país homenageado na FLIP deste ano, para apresentar cinco títulos, entre clássicos e contemporâneos, com o intuito de criar um roteiro sucinto para introduzir qualquer leitor ao fascinante universo literário dos nossos vizinhos.
✔ Respiração Artificial, de Ricardo Piglia
“Dá uma história?”, pergunta-se o narrador ao abrir o texto de Respiração artificial. “Se dá, começa há três anos.” Em 1976. Não por acaso, o ano em que os militares tomaram o poder na Argentina e instauraram uma ditadura que duraria sete anos, com entre 9 e 30 mil pessoas mortas ou desaparecidas. Com sua ficção, Piglia busca mais do que a verdade: está determinado a dizê-la. Para isso constrói uma trama em que várias histórias e tempos se cruzam, cumprindo a função de camuflar o que o livro realiza: a exposição do arbítrio e da violência em todo o seu horror.
Respiração artificial gira em torno dos “papéis de Ossorio”: um conjunto de antigas cartas guardadas entre os segredos de uma família poderosa. Regidos pela figura central do narrador Emilio Renzi – o desvendador da verdadeira história do país -, os personagens desse livro polifônico conversam uns com os outros, inclusive em diferentes tempos de ação, utilizando pontes como cartas, jornais, literatura e filosofia.
Apontado por cinquenta escritores argentinos como um dos dez melhores romances da história da literatura do país, Respiração artificial recebeu o prêmio Boris Vian de romance em 1981. No Brasil, foi publicado originalmente pela Iluminuras em 1987. (Editora Companhia de Bolso)
✔ Boquinhas Pintadas, de Manuel Puig
Este romance de Manuel Puig foi publicado pela primeira vez em 1969, faz uma crítica à classe média Argentina, usando para isso a metafórica história de um jovem tuberculoso e sua relação com a sociedade que o via morrer.
“Boquinhas Pintadas” vendeu milhares de exemplares e foi traduzida diversas vezes, em vários idiomas, representa um tipo de literatura nova, ousada, fascinante e empolgante.
Foi o segundo livro publicado de Puig que buscou se inspirar nos folhetins, para criar um novo tipo de leitura popular.
Além de ser inspirado nos folhetins o próprio autor classificou o seu texto dessa forma, dividindo em “Primeira Entrega”, “Segunda Entrega” e assim por diante, divisão que foi traduzida como fascículos, no início de cada um desses, trecho de algum tango ou bolero que foi mantido no idioma original, assim como as letras de músicas citadas durante o livro. Também são mantidos os erros de ortografia e gírias utilizadas pelo escritor. (Editora José Olympio)
✔ Ficções, de Jorge Luis Borges
Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia de meios, de forma paradoxal e lapidar, suas conjeturas e perplexidades sobre o universo, retomando motivos recorrentes em seus poemas e ensaios desde o início de sua carreira: o tempo, a eternidade, o infinito. Os enredos são como múltiplos labirintos e se desdobram num jogo infindável de espelhos, especulações e hipóteses, às vezes com a perícia de intrigas policiais e o gosto da aventura, para quase sempre desembocar na perplexidade metafísica. Chamam a atenção a frase enxuta, o poder de síntese e o rigor da construção, que tem algo da poesia e outro tanto da prosa filosófica, sem nunca perder o humor desconcertante. 
Em Ficções estão alguns de seus textos mais famosos, como Funes, o Memorioso, cujo protagonista tinha mais lembranças do que terão tido todos os homens desde que o mundo é mundo; A biblioteca de Babel, em que o universo é equiparado a uma biblioteca eterna, infinita, secreta e inútil; Pierre Menard, autor do Quixote, cuja admirável ambição era produzir páginas que coincidissem palavra por palavra e linha por linha com as de Miguel de Cervantes; e As ruínas circulares, em que o protagonista quer sonhar um homem com integridade minuciosa e impô-lo à realidade e no final compreende que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando. (Companhia das Letras)
✔ O Sonho dos Heróis, de Adolfo Bioy Casares
Considerado um dos melhores romances argentinos de todos os tempos, O sonho dos Heróis, de Adolfo Bioy Casares, publicado originalmente em 1954, narra a trajetória de Emilio Gauna, um jovem empregado de uma oficina mecânica, durante o insólito Carnaval de 1927, em Buenos Aires. Com o dinheiro ganho nos cavalos, Gauna resolve pagar as três noites de festa para seus amigos do bar. Três anos depois, no Carnaval de 1930, com uma nova aposta ganha, ele repete os mesmo passos daquela noite, com as mesmas pessoas.
O protagonista busca, assim, relembrar algo muito importante que lhe aconteceu na outra ocasião, mas que ele não se lembra o que foi. A trama onírica, com uma estrutura circular, gira ao redor da estranha amnésia de Gauna. Suas lembranças esquivas lhe trazem de volta brigas de faca, festas terríveis, manifestações mágicas, histórias de amor e até uma fenda no espaço-tempo. “Um romance admirável”, segundo Jorge Luis Borges. (Editora Cosac Naify)
✔ As Armas Secretas, de Julio Cortázar
Considerado o mestre do realismo fantástico, o escritor argentino Julio Cortázar nos revela em As Armas Secretas os traços embrionários que caracterizam sua narrativa.
Esta coletânea de cinco contos inclui duas de suas obras-primas:”As Babas do Diabo” – que originou o filme Blow-up, do cineasta italiano Michelangelo Antonioni – em que Cortázar aproxima a linguagem literária da fotográfica; e “O Perseguidor”, seu conto de maior destaque, em que o saxofonista de jazz Charlie Parker serve de inspiração ao personagem Johnny Carter, músico que atravessa uma difícil crise e a vê ser retratada pelo olhar de um jornalista. A obra também inclui os contos “Cartas de Mamãe”, “Os Bons Serviços” e “As Armas Secretas”, que dá título ao livro. (editora RCB)
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